
Ver gestantes malhando na academia, já não é mais coisa do outro mundo. O que antes era um tabu gerado pelo medo de prejudicar o bebê, hoje virou cena corriqueira e até recomendada pelos profissionais. Atenta a esse movimento, a profissional de educação física de Vila Valério, Gleiciara Scalfoni vem se especializando na área e conquistando as mamães.
“Os exercícios estão muito ligados à saúde e à disposição da gestante, atuando no controle do peso, na prevenção de doenças, força e resistência muscular, melhora da postura, equilíbrio e prevenção/redução da dor lombar ”, afirma a personal trainer.
Se o obstetra der o laudo, não tem desculpa, os benefícios vão desde o controle do percentual de gordura, macrossomia, diabetes gestacional, DMG e hipertensão, até afastar a ansiedade e depressão pós-parto.
O exercício físico aumenta a chance de sucesso do parto normal e práticas focadas no assoalho pélvico, conjunto de músculos e tecidos que dão suporte a órgãos como vagina, útero e bexiga, ajudam a driblar a incontinência urinária, melhora a sustentação para todas as estruturas do corpo e influenciam na postura, fortalecendo a coluna.
“Estudos mostram que o treinamento de força é seguro para as gestantes, desde que seja bem prescrito e supervisionado”, afirma Gleicy.

As principais recomendações da nova diretriz internacional de exercícios para gestantes
– Toda mulher sem contraindicação médica pode e deve ser fisicamente ativa durante a gravidez.
– As gestantes precisam fazer 150 minutos por semana de exercícios físicos em intensidade moderada para obter benefícios.
– Esse tempo tem que ser dividido em pelo menos três dias da semana. Mas, se quiser se exercitar diariamente, sem problemas.
– Um treino focado no assoalho pélvico pode ser feito regularmente. Busque acompanhamento de um profissional para receber instruções específicas.
– Em caso de tontura, náuseas e afins durante o exercício, se recomenda a mudança de posição ou a troca da atividade.

Medidas para malhar em segurança
– Comer e beber: a gestante deve prezar um cardápio equilibrado (nada de comer por dois) e se hidratar bastante. Tome água antes, durante e depois dos exercícios.
– Hora de interromper: se tiver falta de ar que não melhora com repouso, dor no peito, contrações regulares e dolorosas, tontura e sangramento ou corrimento vaginal, pare na hora.
– Nada de calor: evite praticar esportes em dias muito quentes. Além de desidratação, o aumento da temperatura corporal pode causar danos às células nervosas do feto.
– Mantenha distância: melhor passar longe de exercícios que envolvam contato físico ou risco de queda, como lutas e escaladas. Não arrisque sua saúde e a do bebê.
– Ritmo de atleta: se você treina e pretende ultrapassar os limites preconizados do exercício, busque primeiro o aval e a supervisão de especialistas.
– Tão importante quanto não ficar parada é ter supervisão. “O exercício deve ser prescrito, ministrado e orientado por um professor de educação física”, frisa. “O ideal é o instrutor ser especializado em gestantes e buscar sempre se atualizar na área, pois novos artigos são lançados a todo o momento e o profissional precisa estar por dentro de todas as alterações. Assim, conseguimos adequar o exercício às modulações e às necessidades corporais dessa fase”, explica Gleicy.
– Outro ponto importante é que exista um diálogo entre todos os profissionais que acompanham a mulher: médico, enfermeira, profissional de educação física… É o obstetra quem avalia o histórico e as condições da paciente antes de liberar o treino. Doenças maternas, antecedente de parto prematuro ou aborto espontâneo: tudo é levado em conta. “Concedido o laudo médico os treinos podem ser iniciados, levando em consideração que no primeiro trimestre ocorrem muitas alterações hormonais é preciso reduzir os desconfortos e ajudar a criar uma nova consciência corporal, no segundo trimestre é o período de melhor desempenho da gestante, já no terceiro os exercícios podem ser mais cansativos, mas devem ser feitos, sempre dentro dos limites da gestante”, explica Gleicy.
Casos em que vale uma boa conversa com o médico
– Histórico: quem já sofreu aborto espontâneo ou parto prematuro precisa ser avaliada rigorosamente.
– Hipertensão: exercícios auxiliam a controlar a pressão. Mas, sem orientação, podem causar o efeito oposto.
– Doenças do coração: arritmias ou outras anormalidades cardíacas exigem cuidado dobrado.
– Problema respiratório: treinos inapropriados podem provocar desconfortos e impactar no bebê.
– Anemia: a queda nas hemoglobinas do sangue afeta a distribuição de oxigênio até para o feto.
– Desnutrição: se não corrigida, a carência de nutrientes abala o ânimo, o humor e a saúde da mãe e do filho.
– Gêmeos: após a 28ª semana de uma gravidez de gêmeos, exercícios podem se tornar arriscados.
Contraindicações absolutas
– Hemorragia: sangramento vaginal é sinal de gravidez de risco. Não deixe de procurar o médico.
– Pré-eclâmpsia: marcada por pressão alta na gestação, demanda repouso e monitoramento.
– Crescimento anormal do bebê: corre-se o risco de o oxigênio não chegar na quantidade adequada para o feto.
– Diabetes tipo 1 e hipertensão não controladas: nesse caso, os exercícios descompensam a doença.
– Tireoide alterada sem tratamento: o déficit ou o aumento dos hormônios tireoidianos mexem com o corpo todo.
– Trigêmeos: por se tratar de uma gestação de risco, exercícios não são aconselháveis nesse caso.