
A Seleção Brasileira entra em campo às 16h desta sexta-feira, 2, para enfrentar o Camarões pela terceira e última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo do Catar. Já classificada às oitavas de final, o time comandado pelo técnico Tite vai aproveitar a ocasião para estrear roupa nova. A amarelinha dará lugar à camisa azul.
E esta camisa azul tem história. A primeira vez que a seleção jogou com o uniforme foi justamente no dia em que conquistou a Copa do Mundo pela primeira vez, em 1958, na Suécia. A escolha pela cor, entretanto, surgiu após um imprevisto e teve como inspiração o manto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Sai o branco, entra o azul
O adversário do Brasil na final da Copa do Mundo de 1958 foi a Suécia, anfitriã do mundial. Mas o uniforme da seleção sueca também era amarelo. Com isso, a Fifa realizou um sorteio para definir quem jogaria com a camisa principal.
No sorteio, ficou decidido que os donos da casa teriam preferência. A notícia gerou grande preocupação no elenco brasileiro, já que a seleção teria que jogar de branco.
Considerada ‘amaldiçoada’, a camisa ficou marcada de forma muito negativa por ter sido usada no ‘Maracanaço’, termo usado em referência à dolorosa derrota em casa para o Uruguai na final de 1950.
Apesar do medo da camisa branca trazer mais um vice, os jogadores e a comissão técnica brasileira já haviam aceitado ter que vesti-la na grande final, já que não tinha alternativa.
Na véspera da decisão, no entanto, o então chefe de delegação da seleção, Paulo Machado de Carvalho, encontrou a solução perfeita e que acabou dando origem ao uniforme azul que até hoje é usado.
– Ele estava aflito com a situação e com o elenco abatido, então decidiu rezar. Quando levantou a cabeça do local onde estava, viu a imagem de Nossa Senhora Aparecida na parede e do manto azul dela veio a inspiração para a camisa que o Brasil usaria. Ele sentiu que o manto azul daria o título para a seleção – explica o historiador.
Os momentos em seguida a essa decisão foram corridos. A delegação saiu às ruas de Estocolmo, onde a seleção estava hospedada, e comprou em uma loja especializada um kit com 22 camisas azuis.
Na noite anterior à final, o massagista Mário Américo e o médico Francisco Alves foram os encarregados a costurar e bordar o escudo da CDB (atual CBF) e os números no novo fardamento.
Logo na estreia da azul, o Brasil brilhou. Com gols de Zagallo, Vavá, duas vezes, e do ainda jovem Pelé, também duas vezes, a seleção venceu a Suécia por 5 a 2 e levantou a primeira das cincos taças de Copa do Mundo.
De acordo com Rodrigo Ojuara, que também trabalha com o resgate histórico de camisas de futebol, o termo “manto sagrado” surgiu dessa situação.
– Reza a lenda que a origem é exatamente essa. É um termo muito forte no futebol sul-americano. O futebol aqui esteve sempre muito ligado à religião.
Desde então, a camisa azul se tornou oficialmente o uniforme reserva da Seleção Brasileira e é muito querida por torcedores. O novo modelo, que será usado contra Camarões, conta também com detalhes amarelos e verdes na manga.
(Fonte: Globo Esporte)